Cadê o profissional que estava aqui?

Cadê o profissional que estava aqui?

Em sua rotina de verificar os serviços em campo, o líder de manutenção Antonio, encontrou o seu subordinado Maicon, trabalhando sozinho.

- Maicon, cadê o rapaz da contratada que estava com você neste serviço?

- Chefe, ele pediu demissão. Arrumou um emprego que paga 200 reais a mais.

- Pedir as contas por causa de 200 reais é uma idiotice! Respondeu Antonio indignado.

Maicon foi na defesa de seu colega: - Para nós pode parecer pouco, mas para ele era um aumento de mais de 11% e outros benefícios que não dá para desprezar.

- E aquele amigo que você comentou comigo? Ele está desempregado, não quer entrar nessa vaga?

- Não Antonio, conversei sobre o assunto e ele não está interessado. Este salário não paga as contas dele, tá trabalhando de porteiro, ganhando mais que aqui.

- Caramba... vou ter que pedir a reposição desta vaga, já foi difícil da outra vez, parece que ninguém mais quer trabalhar nesta área e, quando encontram, não tem muita experiência.

Meio desolado, Antonio continua sua rota e vê outro de seus comandados trabalhando sozinho.

- Bom dia Torres! Cadê o soldador que deveria estar trabalhando com você?

- Ele pediu demissão.

- Por quê? Todo mundo resolveu largar o barco hoje? Resmungou Antonio, insatisfeito com a situação.

- Pois é Antonio. Ele foi trabalhar na parada que está rolando naquela empresa da entrada da cidade. O salário é o dobro!

- Não dá pra cobrir uma oferta destas, nosso custo não suporta.

- O cara tem experiência, várias certificações, conhecido no mercado, quando aparece algo bom já procuram ele. Ele estava trabalhando aqui para não ficar parado, não atraia muito ele, mas é profissional o suficiente para não deixar a peteca cair.

- Essa é uma vaga que vai ser de difícil reposição, já foi complicado achar alguém experiente para desempenhar as tarefas com qualidade.

- O salário é proporcional né Antonio?! Não dá para querer mais que isso. Justificou Torres.

- Tá cada vez mais difícil arrumar bons profissionais... E lá se foi Antonio requisitar a contratação das vagas que necessita.

Este dialogo é uma situação fictícia, baseada em situações comentadas por colegas de trabalho, alguns já devem ter ouvido algo similar.

A indústria chegou a ter participação de 48% do PIB em 1985, sua contribuição mínima chegou a 21,2% em 2016, com uma pequena retomada em 2018, com 21,6%.

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Isso reflete na geração de empregos e diminui a procura por cursos em atividades importantes no setor industrial, principalmente na área de manutenção.

A facilidade de emprego e o salário, geralmente atraem os jovens para os cursos que são disponibilizados pelas instituições de ensino, que abrem vagas de acordo com a expectativa do crescimento do setor.

Muitas destas estimativas não se concretizam, deixando profissionais que se especializaram, fora do segmento.

Segundo dados de 2017, 94,37% do setor industrial são de micro e pequenas, mas são responsáveis por apenas 12% da produção. O sonho de qualquer profissional é entrar em uma grande empresa, gerando muita competitividade.

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Com o alto perfil exigido pelas empresas, a gama dos profissionais disponíveis é bem pequena, mesmo nas profissões necessárias na manutenção, como soldadores, encanadores industriais, mecânicos e eletricistas, muitas vezes preenchidas pelo networking ou indicação dos profissionais.

Um comentário de profissional da área, de curso de automação industrial, os alunos parecem que só querem “o canudo”, aprender é um bônus, mas não conseguem a média necessária para a conclusão do curso. Pelo que vemos em muitos artigos, parece que este é um grande problema de ensino no modo geral.

As instituições de ensino têm que disponibilizar cursos de acordo com a demanda de mercado, talvez com parceria com as indústrias, identificando previamente os alunos com vocação para as profissões necessárias, não frustrando os alunos no futuro, diminuindo custos desnecessários.

Esperemos que tenhamos um novo crescimento da indústria, assim como tivemos no agronegócio, que ganhou grande produtividade e importância na nossa economia, assim como uma evolução dos profissionais.

Dados retirados do Portal da Industria: Perfil da Indústria Brasileira

Texto: Primeira edição publicada na Revista Manutenção sob licença Creative Commons  Licença Creative Commons {japopup type="ajax" content="https://www.revistamanutencao.com.br/licenca/by-sa.html" width="800" height="600"}{/japopup}
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APRESENTAÇÃO:

Colunista da Revista Manutenção, escreveu vários artigos sobre manutenção, elétrica, indústria, qualidade, meio ambiente e mercado de trabalho. Nas horas vagas busca aumentar seu conhecimento e cultura de modo geral.

FORMAÇÃO ACADÊMICA E EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:

Graduado em Engenharia Elétrica com ênfase em Sistemas de Potência, pela UNISANTA (Universidade Santa Cecília) de Santos, atuou como executante e há mais de dez anos trabalha com Planejamento e Controle de Manutenção (PCM), em indústrias do pólo de Cubatão, nacionais e multinacionais, onde solidificou carreira como Programador e Planejador de Manutenção.