Este artigo se refere a uma das recomendações mais frequentes e de melhor custo-benefício, oriunda de estudos diagnósticos realizados para as empresas clientes: o desenvolvimento de Projetos de Confiabilidade.
Estudo Diagnóstico
Muitas vezes um trabalho de Consultoria em Gestão da Manutenção se inicia por um Estudo Diagnóstico das atuais condições dos processos de manutenção da empresa cliente.
O Estudo conta com uma lista abrangente de tópicos a serem abordados. Tem a finalidade de produzir um mapa posicionando a situação atual da Gestão da Manutenção da empresa evidenciando as principais deficiências e gaps quando comparada a níveis de gestão mais competitivos, e por resultado é preparado um Plano de Recomendações consistentes, recomendações estas propostas para o curto, médio e longo prazo.
A recomendação mais presente dentre as várias decorrentes de um Estudo Diagnóstico, é o desenvolvimento de Projetos de Confiabilidade para os equipamentos que apresentam alta criticidade (*1).
Projetos de Confiabilidade
Um equipamento ou processo pode receber melhorias para reduzir sua probabilidade de falha, aumentando em muito sua confiabilidade e melhorando sensivelmente a disponibilidade do mesmo para sua função.
O projeto será dedicado para o equipamento ou processo que não pode falhar interrompendo a operação. Terá como base principalmente a redundância dos instrumentos e elementos que apresentam maior probabilidade de falha.
O projeto deve ser estruturado ao responder a questão ‘o que deve ser protegido neste equipamento ou processo para eliminar uma nova parada por falha do mesmo’. A partir daí deve-se listar quais seriam as soluções técnicas procedentes e levando em conta o custo-benefício da aplicação de cada uma.
São inúmeras as soluções cabíveis em um Projeto de Confiabilidade, e nosso objetivo neste artigo é trazer algumas dicas que podem ser consideradas pelos gestores no desenvolvimento do projeto.
Pontos a considerar em um Projeto de Confiabilidade
- O ponto principal a considerar é a Redundância técnica. Trata-se da repetição de componentes para o funcionamento de um equipamento / processo. A Redundância é fundamental para a continuidade operacional, pois caso ocorra uma falha no elemento principal, o elemento secundário (também chamado de stand-by ou back-up) entra em operação e evita a paralisação.
Deve-se definir qual(is) componentes deve(m) ter duplicidade para garantir que a disponibilidade do equipamento/ processo seja mantida no caso de falhas que causariam interrupção da operação. Ex. comum: equipamentos de bombeamento de fluidos;
- Disponibilidade de equipamentos e peças críticas à disposição: se for possível aguardar pela substituição do componente que falhou, pode-se optar por manter o mesmo disponível em almoxarifado;
- Peças críticas em consignação no almoxarifado, como bombas, selos mecânicos, rolamentos, equipamentos de TI, etc. para garantir o mínimo de tempo de máquina parada;
- Sistemas de alimentação elétrica alternativos;
- Sistemas de suprimento alternativos, ex. água de concessionária / água de poço;
- Sistemas de lubrificação automatizado;
- Instrumentação adequada – sensores e alarmes – para identificação de desgaste em peças;
- Contratos com especialistas terceirizados para atendimentos urgentes quando necessário, com SLA bem definido;
- Adequação de equipamentos para possibilitar troca rápida de ferramentas e elementos em caso de falhas (aplicação do conceito SMED);
- Entre outras inúmeras soluções.
Exemplo de Projeto de Confiabilidade
Várias empresas dependem de aquecimento para seus principais processos, ex. Laticínios, Farmacêutica, Plásticos, etc.
Imagine que algumas dessas empresas possuem somente 1 (uma) única Caldeira. É altamente desejável manter esse equipamento operando sem falhas de qualquer tipo.
As ações possíveis para aumentar a confiabilidade desse equipamento:
- Sistemas de alimentação elétrica e de suprimento de água alternativos;
- Bomba de água de alimentação da Caldeira em duplicidade;
- Instrumentação de nível de água da Caldeira em duplicidade;
- Válvula de Segurança back-up;
- Sensor de presença de chama em duplicidade;
- Instalação de alarmes e intertravamento com desligamento do Queimador;
- Manter em estoque componentes críticos do sistema Caldeira;
- Contrato de manutenção com fabricante ou especialista terceirizado;
- Instalar Caldeira de menor porte para atender somente os principais processos de aquecimento (solução ideal, porém nem sempre possível pelo valor do investimento);
- Entre outras ações possíveis.
(*1) Equipamentos Críticos: equipamento considerado indispensável dentro de um processo operacional, cuja parada repentina pode causar impacto indesejável de severa gravidade, como acidentes de trabalho, danos graves ao meio ambiente e prejuízos materiais e financeiros de grande monta para a empresa. Na prática, nem todos os equipamentos em uma indústria possuem o mesmo grau de criticidade.
Rafael Herrera é Sócio-Diretor da Engetag Serviços de Engenharia, empresa especialista em Gestão da Manutenção e Gerenciamento de Projetos.