Na manhã da última terça-feira (15), às 8h31, um apagão registrado pelo sistema do Operador Nacional do Sistema (ONS) e o Ministério de Minas e Energia (MME) afetou quase todos estados do país, com exceção de Roraima, que não é ligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Segundo dados do ONS, em dez minutos a carga caiu 25,9%. O país registrava 73.483,7 MW às 8h30. No minuto seguinte, houve uma queda de 7%. O órgão é responsável por coordenar e controlar a operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no SIN.
Gráfico Operador Nacional do Sistema Elétrico mostra o momento da queda de energia. Foto: Reporodução
O sistema nacional de energia só foi restabelecido horas depois, às 14h30.
O que aconteceu, qual a causa do acidente e o impacto?
A ocorrência registrada na terça-feira aponta uma "separação elétrica" entre as regiões Norte e Nordeste, das regiões Sul e Sudeste, causando um "efeito dominó". O Sistema Interligado Nacional (SIN) desempenha o papel de modelo de administração e transmissão de energia adotado no território nacional. Em virtude da diversidade climática das várias regiões brasileiras, esse sistema opera de maneira interconectada, facilitando a troca de energia entre diferentes áreas. Isso significa que em casos de seca, uma região pode suprir a outra.
Uma análise feita pelo Rogério José da Silva, professor da UNIFEI e mestre pela UNICAMP, em suas redes sociais, aponta que às 08:30h o Sistema Interligado Nacional (SIN) gerava 73484,8 MW de energia elétrica. A matriz energética estava distribuída da seguinte forma: Eólica com 16734,9 MW, Hidráulica com 35246,1 MW, Térmica com 7668,4 MW, Nuclear com 2013,4 MW e Energia Solar com 11819,5 MW. Contudo, um evento súbito causou uma interrupção no sistema, reduzindo a geração para 54383,7 MW às 08:40h.
Após o incidente, a matriz se ajustou para 3126,5 MW Eólica, 35393,7 MW Hidráulica, 5320,0 MW Térmica, 1967,0 MW Nuclear e 8577,6 MW Energia Solar.
O suprimento eólico sofreu uma queda significativa de 13666 MW, com uma recuperação não linear. Às 14:00h, ainda se encontrava em 2592 MW, conforme demonstrado no gráfico em anexo, indicando desafios em sua retomada. Enquanto isso, a geração solar, que anteriormente atingiu 11204 MW, caiu para 8204 MW às 08:32h, recuperando-se para 13634 MW às 10:02h e chegando a 15499,9 MW às 11:06h.
A geração hidrelétrica respondeu rapidamente, aumentando sua produção: 35246,1 MW às 08:30h, 38710,8 MW às 09:02h, 39257,3 MW às 09:28h, 40926,2 MW às 10:30h e 42661 MW às 11:28h. Às 14:00h, a geração hidrelétrica alcançou 48119 MW e atingiu 55357 MW apenas às 16:18h.
Por que o monitoramento de energia elétrica é importante?
Vale destacar que até às 12h36, 55% da carga da região Norte e 81% da Nordeste foram restabelecidos, com a recomposição do Sul e Sudeste finalizadas.
Após o incidente, o órgão realizou uma "ação controlada", para evitar que o problema se espalhasse. "Pelo menos 16 mil MW de energia foram interrompidos. No Sul e Sudeste houve uma ação controlada para evitar propagação da ocorrência", diz o ONS.
Até o momento, a causa do incidente não foi informada tanto pelo Ministério de Minas e Energia (MME) quanto pela ONS.
Alexandre Silva, ministro do MME, informou em nota que haverá rigorosa apuração das causas e determinou a criação de uma sala de situação para investigação.
Uma série de problemas foram registrados ao redor do país com a interrupção no fornecimento de energia elétrica. Vão desde problemas na linha do metrô, fornecimento de água, semáforos apagados, prejuízos com comércio, hospitais.
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Em nota a pasta informou que "o sistema nacional de energia foi restabelecido às 14h30, horário de Brasília, restando ajustes pontuais a serem realizados pelas distribuidoras em algumas cidades".
Quando foi o último apagão registrado no Brasil?
Desde de 2014 o país não tinha registrado nenhuma interrupção de energia em seu sistema. No mesmo ano, houve um curto-circuito em uma linha de transmissão que deixou quatro regiões sem energia. Ao todo 11 estados, do Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste foram afetados.
Mas a maior interrupção de energia foi em 2009, quando 60 milhões de pessoas ficaram sem eletricidade por seis horas. Na época, houve um curto-circuito provocado por um raio, que desligou três linhas de alta tensão. Elas distribuem energia produzida na usina de Itaipu para as principais regiões do país.
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