(MAXINST) Vivemos a quarta revolução industrial. Assim como nas revoluções que a antecederam, a produção de bens e serviços se transforma, de mãos dadas com os avanços tecnológicos.Esse ciclo que teve início no fim do século XIX, com teares mecânicos e máquinas a vapor na Inglaterra, passou pela química, robótica, genética e informática até chegar ao chamamos, hoje, de indústria 4.0. Agora, é o poder dos dados que assume o protagonismo.
Afinal, em uma planta industrial operam equipamentos e instrumentos 24h por dia, sete dias por semana. O volume de dados gerados por essas atividades chega a ser intangível. E a gestão de ativos na indústria 4.0 consiste, justamente, na habilidade de usar esses dados em favor da otimização de processos.
O que é a Indústria 4.0?
Quem já está familiarizado com o assunto pensa imediatamente nas tecnologias e conceitos mais populares: Internet das Coisas (IoT), Big Data e Machine Learning. Mas esses termos não significam nada se não refletirem uma mudança estratégica real nas empresas. Em outras palavras, fazer uma gestão de ativos na Indústria 4.0 não é aderir aos recursos da moda. É, antes disso, ter essa transformação como norte para a tomada de decisão.
Essa virada de chave nas empresas passa por alguns princípios básicos:
Capacidade de operação em tempo real;
Virtualização (ou a criação de uma cópia virtual de fábricas inteligentes, facilitando o rastreamento e monitoramento dos processos);
Descentralização (tomada de decisão compartilhada com o sistema cyber-físico);
Orientação a serviços (aliada ao conceito de Internet of Services);
Modularidade (produção de acordo com a demanda);
Interoperabilidade (comunicação facilitada pela IoT – leia sobre o gerenciamento e manutenção de ativos na era cognitiva).
Como é a gestão de ativos na indústria 4.0?
Com as novas possibilidades tecnológicas, os ativos físicos ganham linguagem inteligente baseada em impulsos eletroeletrônicos. Isso acontece graças à utilização de preceitos da Tecnologia da Informação (TI) e da Tecnologia da Automação (TA).
Os dados têm papel fundamental nesse cenário, otimizando a análise, previsão e manutenção. Abaixo, estão relacionados alguns dos principais recursos e como eles podem, efetivamente, elevar a gestão de ativos na indústria 4.0.
BI – Business Intelligence
A gestão de ativos pode utilizar uma ferramenta de BI integrada com bases transacionais – ETL (Extraction, Transformation and Load), Data Warehouse – para agilizar e melhorar a forma como os dados são exibidos. A visualização facilitada otimiza a análise realizada pelas equipes técnicas e gerenciais.
IOT – Internet das Coisas
Ao conectar uma grande gama de sensores digitais no maquinário, a gestão de ativos consegue capturar dados em tempo real. Isso otimiza o monitoramento do estado do ativo, checando indicadores como temperatura, vibração, velocidade, pressão e vazão, e monitorando ambientes de trabalho (luminosidade, gás e umidade). Também é possível monitorar a segurança do colaborador usando sensores weareables.
Esses dados são transmitidos via internet para um serviço de Cloud Computing (Computação na Nuvem). Uma vez capturados e armazenados, podem gerar alertas de falha no ativo, no ambiente ou no dispositivo. Isso diminui muito o tempo de resposta, caso haja necessidade de intervir rapidamente. A agilidade pode ser a diferença entre um evento resolvido em minutos e uma parada com custos elevados de manutenção.
Leia mais sobre a IoT para gestão de ativos no nosso blog.
Cloud Computing
A computação em nuvem é uma tecnologia que habilita o desenvolvimento de outras. Oferece processamento, armazenamento, Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning, entre outros recursos. As possibilidades vão do armazenamento de dados, documentos, imagens e softwares até o desenvolvimento de novos aplicativos ou modelos. O armazenamento em nuvem permite o acesso a partir de qualquer computador.
Manufatura Aditiva
Também conhecida como impressão 3D, esse recurso vem se popularizando nos últimos anos e também pode ser um apoio para a otimização da gestão de ativos na indústria 4.0. Peças sobressalentes podem ser impressas a partir da deposição de variados materiais em camadas. Imagine o ganho em agilidade se a manutenção pudesse imprimir uma peça para a manutenção programada? Isso eliminaria todo o processo de compra, logística e armazenamento antes da sua utilização para o serviço.
Inteligência Artificial + Machine Learning
Padrões de inteligência como o IBM Watson são criados a partir de pequenos dados e treinados. Conforme os modelos ganham valor, mantêm a propriedade de seus dados para o ativo. Assim, é possível solicitar informações em tempo real sobre o ativo e, de acordo com os dados coletados, armazenados e analisados, ter a resposta de forma rápida e objetiva. Os processos se tornam mais inteligentes, rápidos e confiáveis.
Realidade Virtual (VR)
Também conhecido como Ambiente Virtual (AV). Permite projetar o ambiente virtual em tempo real. Ou seja, é possível visualizar as características técnicas do ativo para realizar um estudo de conserto, por exemplo, sem a necessidade de interromper seu funcionamento.
Realidade Aumentada
Designa-se Realidade Aumentada (RA ou AR) a integração de elementos ou informações virtuais a visualizações do mundo real através de uma câmera e sensores de movimento, como giroscópio e acelerômetro. Essa técnica permite aos técnicos executarem procedimentos de reparos e simulações, evitando a perda de tempo e o erro humano.
Leia mais sobre as possibilidades da realidade virtual (VR), realidade aumentada (AR) e realidade mista (MR) na gestão de ativos no nosso blog.
Blockchain
É um livro-razão compartilhado e imutável, que facilita o processo de gravação de transações e rastreamento de ativos em uma rede de negócios. Um ativo pode ser tangível ou intangível. Com a rastreabilidade das transações, a empresa pode ter plena confiança de como o processo de fabricação foi realizado. O blockchain não permite alterações dos dados reais. O que realmente aconteceu no processo é o que fica registrado, garantindo maior confiança na coleta de dados.
De um modo geral, a gestão de ativos na indústria 4.0 ganha em:
Agilidade;
Segurança;
Otimização dos recursos;
Confiabilidade na tomada de decisões.
Como trazer esse movimento para dentro da empresa?
O primeiro passo para uma gestão de ativos na indústria 4.0 é levar esse assunto para as reuniões de trabalho. Dar a devida atenção a esse movimento é o que promove oportunidades de melhoria no negócio.
Incorporar esses preceitos pode, sim, levar a uma maior disponibilidade do ativo, aumento de qualidade da produção e crescimento nas vendas. Mas, antes, é necessário desenvolver uma estratégia, com prioridades bem definidas, para que o investimento traga resultados. Cautela e pesquisa são palavras de ordem.
Um bom norte para começar é definir as prioridades competitivas. Reunindo o que muitos autores da área citam em suas obras (Kotha & Orne, Leong, Miltenburg, Skinner), é possível apontar quatro grandes áreas:
Qualidade;
Desempenho de entrega;
Custo e Flexibilidade.
Essas categorias se dividem em subsistemas, mais palpáveis:
Planejamento e controle de produção;
Estrutura e controle da organização;
Recursos humanos;
Instalações;
Suprimentos e Tecnologia de processo.
É fundamental definir uma equipe de trabalho multifuncional de TI (Tecnologia da Informação) altamente alinhada com a TO (Tecnologia de Operações) e área de negócio. Esse grupo será capaz de definir corretamente as maiores dores e onde serão atacadas.
E vale a pena?
Na gestão de ativos na indústria 4.0, a pergunta que vale um milhão de dólares é: “este investimento pode eliminar o trade-off?”. Se a resposta for sim, você está no caminho certo.
Entrar de vez na Indústria 4.0 também passa por capacitar profissionais para a indústria 4.0. Leia nossas dicas neste artigo no nosso blog.
via MAXINST
Texto: Segunda edição publicada na Revista Manutenção sob licença Creative Commons | ![]() |
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