Expectativas e tendências da Indústria 4.0 para a próxima década

Expectativas e tendências da Indústria 4.0 para a próxima década

Após fazer o resgate histórico, contextualizar e evidenciar o surgimento da Indústria 4.0, através dos artigos A Indústria 4.0 é o saldo da convergência de duas revoluções simultâneas & O surgimento da famigerada Indústria 4.0 ocorreu oficialmente após a consolidação da Internet das Coisas, chegou o momento de encerrar essa série, mas não antes de provocar o debate, senão a reflexão acerca das expectativas e tendências para a próxima década.

A especulação que orbita o assunto Indústria 4.0, em alguns casos beira a Mitologia Digital, e as lendas criadas a partir dela, apenas para fins comerciais, ou seja, para vender tecnologia obsoleta como novidade, são responsáveis por gerar expectativa excessiva nos profissionais, que direta ou indiretamente atuam em ambiente industrial, portanto, para além da emoção e do tsunami de inserções publicitárias e clickbaits, disfarçados de pseudo informações difundidas internet a fora, se faz necessário discorrer racionalmente sobre esse importante assunto com cautela e lucidez, para não gerar ainda mais expectativas que não serão correspondidas.

 O Excesso de expectativas 

Algumas iniciativas prematuras surgiram nos últimos anos em decorrência das expectativas geradas efusivamente pela especulação acerca da Indústria 4.0, e uma delas, que vem ganhando espaço significativo, é famigerada Indústria 5.0, que talvez faça sentido se você parar para pensar o conceito de Indústria Colaborativa no longo prazo, contudo no curto e médio prazo, o grande desafio ainda é e será por muito tempo, implementar as tecnologias emergentes da Indústria 4.0, considerando que muitas delas ainda estão em fase de testes de validação, enquanto outras ainda sequer surgiram, ou se tornaram comerciais.

Reza a lenda que a Indústria 5.0 será colaborativa e levará a sério a questão da valorização do capital humano, o que por si só faz dela uma distopia, afinal no cenário de competitividade globalizada, onde o sistema produtivo é menosprezado e a especulação financeira tornou-se protagonista no aspecto econômico, não há espaço algum para que as corporações ou empresas pensem efetivamente no bem estar de seus funcionários, a não ser que seja meramente para compor uma peça de publicidade e propaganda, assim como ocorre com a questão ambiental, que por sua vez serve, em muitos casos, de fachada para atender a interesses escusos, como por exemplo a sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

 Expectativas tangíveis 

Para evitar excessos e não criar ainda mais expectativas, que não serão correspondidas, me apegarei apenas ao que está tangível, nessa fase transitória entre Indústria 3.0 e a Indústria 4.0, pois tendo a abdicar da emoção e ser mais racional diante de situações em que sou obrigado a fazer determinadas previsões.

 A fusão plena entre as duas revoluções 

Dentre as expectativas que considero tangíveis, ou até mesmo inevitáveis, a fusão plena entre ambas as revoluções descritas no artigo A Indústria 4.0 é o saldo da convergência de duas revoluções simultâneas, através da integração entre Hardware e Software é a mais significativa tendência, uma vez que, além da praticidade e da confiabilidade que isso está gerando para os processos industriais, essa convergência está nos proporcionando um enorme avanço no que se refere a redução de despesas ou custos. 

 A substituição parcial de hardware por software 

Diante do advento da Quarta Revolução Industrial (Indústria 4.0), tenho observado uma convergência absurda entre software e hardware, de modo, que em muitos casos, o hardware vem sendo parcialmente substituído por software, e isso tende a aumentar gradativamente na próxima década, de modo que o hardware provavelmente será reduzido cada vez mais a sensores, dispositivos IoT e de Realidade Virtual, Mista e Aumentada.

 O novo papel do hardware e do software 

Deste modo, o hardware e o software estão assumindo papéis que se complementam, uma vez que o hardware, está se especializando cada vez mais em auxiliar no input e output de dados e informações, enquanto o software se encarrega do armazenamento e processamento de dados.

Com o advento dos dispositivos de Realidade Virtual, Aumentada e Mista, é muito provável que na próxima década, o software se especialize também em substituir hardware de IHMs e comando, afinal com as tecnologias existentes, já é possível substituir grandes paniéis de comando, por interfaces gráficas, acessíveis e operáveis via dispositivo de VR, como por exemplo Óculos de VR e Tablets, afinal é muito mais fácil e barato renderizar uma Interface UI/UX, ao lado de um ativo, máquina ou equipamento, para que ele seja operado através de um Dispositivo IIoT do que se aventurar com famigerado, caro e demorado retrofit, que será substituído por software update, o que possibilitará até mesmo acrescentar funções ao projeto original, apenas com a reprogramação de código.

 O fim do hardware está decretado? 

Definitivamente não, o que está ocorrendo é que o hardware está se especializando na digitalização do mundo analógico, para torná-lo cada vez mais analisável por software, que por sua vez se encarrega de interpretar a realidade, através do reconhecimento de padrões, portanto o hardware assim como o software estão se complementando, para garantir o ecossistema necessário para a Indústria 4.0.

 Mas afinal quais são tendências da I 4.0? 

Enfim, para além das tendências subjetivas, citadas acima, algumas tendências estão a provocar uma mudança abrupta não só no aspecto tecnológico, como também no humano, pois o mercado de trabalho, carece de mão-de-obra especializada, e formar profissionais com habilidades analógicas e digitais, com certeza será o grande desafio que a Indústria 4.0 enfrentará, para atender questões que vão muito além da revolução que está acontecendo no chão de fábrica, e que se expressam na revolução informacional.

Portanto, dentre diversas tendências emergentes, segue uma relação com as principais e uma breve descrição: 

  • IoT (Internet Of Things)

Internet Of Things ou Internet das Coisas, é a definição da rede de dispositivos que se comunicam entre eles, ou seja, é a internet aplicada na comunicação entre dispositivos (D2D).

  • IIoT (Industrial Internet Of Things)

Internet das Coisas Industriais, é a definição da rede de dispositivos que se comunicam entre eles, ou seja, é a internet aplicada na comunicação entre ativos, máquinas e equipamentos (M2M).

  • AI (Artificial Intelligence)

A Inteligência Artificial é a disciplina da Ciência da Computação, que se dedica a emular a cognição humana para tomar decisões através da interpretação de dados.

  • Cognitive Computing

 A Computação Cognitiva é a aplicação integrada da arquitetura de recursos computacionais, com objetivo de suportar a Inteligência Artificial em sua tentativa de emular o pensamento humano.

  • Machine Learning

 O Aprendizado de Máquina refere-se a disciplina da Engenharia da Computação, que utiliza-se da Ciência de Dados para emular a cognição humana, de forma a auxiliar e até mesmo substituí-la no processo deliberativo.

  • Data Science

 A Ciência de Dados consiste na utilização métodos científicos, estatística e análise de dados para transformá-los em informações úteis (Insights), para que auxiliem, ou determinem o processo deliberativo.

  • Redes Neurais

As redes neurais são modelos computacionais, inspirados no sistema nervoso, que são capazes de realizar o aprendizado de máquinas, assim como o reconhecimento de padrões.

  • Data Mining

A mineração de dados consiste em extrair, explorar, classificar e analisar dados de maneira que eles possam gerar conjuntos e sub conjuntos de dados, regras, padrões e tendências.

  • Big Data

Os Grandes Dados é a área do conhecimento que estuda como tratar e analisar e obter informações a partir de conjuntos de dados grandes demais para serem analisados pelos sistemas tradicionais.

  • Analitycs

A Inteligência Analítica é a área do conhecimento que utiliza-se da matemática, estatística, modelagem preditiva e aprendizado de máquinas, para determinar padrões e possibilitar o aprendizado de máquinas.

  • Cyber Security

A Cibersegurança consiste na prática de proteger ativos de informação, sistemas e serviços de ataques cibertnéticos, através de testes de penetração, medidas preventivas e heurísticas.

  • Monitoramento Online

O Monitoramento online consiste em acompanhar sinais coletados remotamente, para determinar a condição de um ativo, máquina ou equipamento, para agir preditivamente, evitando que um defeito aumente e que ocorra uma falha.

  • Telemetria

A telemetria consiste em acompanhar sinais coletados remotamente, para determinar a condição de frotas e veículos, para agir preditivamente, evitando que um defeito aumente e que ocorra uma falha.

  • API Aplications Programming Interface

As Interface de Programação de Aplicações, são conjuntos de rotinas e padrões de um determinado software, estabelecido para estender sua funcionalidade para se integrar a outros softwares de maneira fácil e descomplicada.

  • Phyton

Phyton é uma linguagem de programação de alto nível utilizada em praticamente todos os aspectos da Ciência de Dados.

Fauzi Mendonça

Engenheiro em Eletrônica

Especializações

Manutenção e Confiabilidade

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Fundador, Diretor Editorial e Colunista da Revista Manutenção, escreve regularmente sobre diversos assuntos relacionados ao cotidiano da Engenharia, Confiabilidade, Gestão de Ativos e Manutenção.

Desenvolvedor Web e Webdesigner, é responsável pelo design, layout, diagramação, identidade visual e logomarca da Revista Manutenção.

Profissional graduado em Engenharia Eletrônica com ênfase em automação e controle industrial, pós graduado em Engenharia de Manutenção, pela Faculdade Anhanguera de Tecnologia (FAT) de São Bernardo e em Engenharia de Confiabilidade, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Profissional atua há mais de vinte (20) anos com Planejamento e Controle de Manutenção (PCM), em empresas de médio e grande porte, nacionais e multinacionais, onde edificou carreira profissional como Técnico, Programador, Planejador, Analista e Coordenador de PCM.