Restaurações de Aeronaves históricas

A restauração de aeronaves no Brasil é difícil e muitas vezes inviável, visto que taxas e burocracias acabam inviabilizando esse tipo de projeto. A recuperação de aeronaves históricas é mais rara ainda e demanda peças e partes do aeródino vindas de fora do país, resultando em custos altos e dificuldade de conclusão e emissão das licenças de aeronavegabilidade necessárias.
 
A falta de conhecimento é muitas vezes parte deste problema. Por mais difícil que seja esse processo, não é impossível e poderá ser realizado com os conhecimentos necessários da legislação vigente. 
O objetivo principal deste artigo é demonstrar que é possível realizar uma restauração de aeronave histórica, esclarecendo as principais dúvidas e demonstrando alguns dos passos burocráticos que são necessários para homologação de um equipamento. O processo é diferenciado justamente por se tratar de uma categoria de aeronave com poucos profissionais e oficinas especializadas em sua restauração e manutenção.
 
Este trabalho busca de forma ampla demonstrar como é feita a restauração de uma aeronave no Brasil e expor de forma simplificada o mesmo tipo de trabalho realizado nos Estados Unidos, onde os recursos são mais abundantes, os profissionais capacitados e onde qualquer pessoa pode dar início a um processo como este.
 
HISTÓRIA DA RESTAURAÇÃO DE AERONAVES

A história da restauração de aeronaves se confunde profundamente com a história da aviação. Desde as primeiras aeronaves que decolaram por meios próprios no início do século XX, o tipo de manufatura e a quantidade de aeronaves presentes não permitia o descarte de aeronaves inteiras, necessitando assim de restauração por problemas alheios a vontade do ser humano. 
 
Alberto Santos Dumont, pioneiro da aviação e inventor do 14-BIS e outras aeronaves, fez várias tentativas de voo antes de estabelecer o primeiro voo de uma aeronave mais pesada que o ar (Aeródino). Em uma dessas tentativas, a mais marcante delas, em 13 de setembro de 1906, dois meses antes de estabelecer o feito na aviação, Dumont em um teste de voo quebrou o aparelho durante um pouso brusco, danificando partes essenciais da aeronave como a estrutura, motor e trem de pouso. Após os reparos, a aeronave voltou a voar e definiu a aviação mundial com o sobrevoo a 2 metros de altura sobre o Aeroclube de Paris em 23 de outubro de 1906 (HOFFMAN, 2017).

A história da restauração de aeronaves segue durante a primeira e segunda guerra mundial, onde os aparelhos foram usados em grande escala pelas potencias mundiais. No início da primeira guerra mundial (1914) a Alemanha possuía cerca de 230 aeronaves, mas apenas 180 delas totalmente operacionais (TERRAINE, 2017). Com o desenrolar da guerra, todos os modelos foram inseridos em condições de voo, demonstrando o poder da restauração/recuperação, quando necessário.
 
 Na segunda grande guerra, foram produzidas quase 790 mil aeronaves, muitas delas ainda em condições de voo devido aos trabalhos de restauração realizada por equipes no mundo inteiro, sobretudo nos Estados Unidos (THE NATIONAL WWII MUSEUM, 2017).Um exemplo emblemático e marcante de restauração histórica é a da Aeronave Boeing B-29 Superfortresses Serial Number 44-69972 (Figura 1) apelidada de “Doc” pelos militares, que após a segunda guerra serviu como aeronave de treinamento radar.
Em 1956 foi desativada e graças a um esforço conjunto entre empresários, pilotos, mecânicos e admiradores, fizeram com que o bombardeiro fosse restaurado durante 15 anos (1998-2013) sendo o 1o voo em julho de 2016. A aeronave ficou abandonada ao relento por mais de 47 anos no deserto de Mojave na Califórnia, onde os equipamentos e sistemas foram se deteriorando com as condições climáticas e ações do tempo. (DOC'S FRIENDS, 2017).
 
A restauração de aeronaves, sendo necessária ou não, é parte da história da aviação mundial. A necessidade de manter a história, ou de manter uma aeronave voando por necessidade financeira faz com que profissionais se especializem na arte da restauração e mantenham tanto aeronaves antigas quanto novas em condições satisfatórias de voo.
 
 
Boeing
  
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Texto: Primeira edição publicada na Revista Manutenção sob licença Creative Commons  Licença Creative Commons {japopup type="ajax" content="http://www.revistamanutencao.com.br/licenca/by-sa.html" width="800" height="600"}{/japopup}
Imagens: As imagens possuem licenças específicas, consulte as respectivas legendas
Fonte: The Boeing Company (2017)

 

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Piloto de Aeronaves

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APRESENTAÇÃO:

Daniel Marques é piloto de aeronaves, pesquisador e voluntário organizador dos eventos da Fundação Astronauta Marcos Pontes, técnico em informática, musicista e consultor pro bono da aviação nas horas vagas.

FORMAÇÃO ACADÊMICA E EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:

Profissional graduado em Ciências Aeronáuticas pela Instituição Toledo de Ensino, aluno do curso de especialização em engenharia de manutenção aeronáutica pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Elemento Credenciado em Prevenção de Acidentes Aeronáuticos pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).